Frank Zappa é um dos mais completos compositores de todo o universo do rock. Sua música é uma mistura imensa de estilos que vai do erudito contemporâneo com influências como Stravinsky, Stockhausen e Edgard Varèse ao Doo-wop, que são aqueles grupos vocais dos anos 50. Mas acima de tudo Zappa foi um satírico cujo estoque
de escárnio sempre pareceu sem fim e cujas letras muitas vêzes ultrapassaram as fronteiras do bom gosto. Ao contrário do que isso possa denotar, ele se auto-proclamava um conservador, defensor do capitalismo e da livre iniciativa, bem como um ferrenho batalhador pela liberdade de expressão e crítico feroz de todas as religiões institucionalizadas.
Também era totalmente contrário ao uso de drogas, confessando ter experimentado maconha uma vez sem nenhum prazer.
Zappa nasceu em Baltimore, no estado de Maryland, em 21 de dezembro de 1940. Seu pai era um imigrante siciliano (coisa que o fêz ser muito boa gente) descendente de gregos e libanêses (coisa que explica o nariz)
e sua mãe tinha dois quartos de sangue italino, um quarto siciliano e outro francês. Ainda na infância de Frank, sua família mudou-se para a costa oeste por conta de sua asma. O pai, um químico e matemático, trabalhou no arsenal de armas químicas da Força Aérea(ótimo prá asma) e dada a proximidade da casa com o trabalho, eram mantidas máscaras contra gases em todos os cômomdos. Logicamente esse imaginário de germes e coisas afins teria um reflexo na música de Zappa. Prá piorar, ele desnvolveu uma grave sinusite e o tratamento apresentado foi inserir pequenas esferas de rádio através de sondas em suas narinas. Esse é um outro componente psicológico na obra: os narizes, tanto nas letras como nas ilustrações.
Em 1950 a família mudou-se para Lancaster, próxima à Los Angeles, onde havia uma base aérea e onde Zappa pôde ter acesso à todas as emissôras de radio cujos sons já o fascinavam. De fato, ele até teve seu próprio programa na KSPC 88.7 FM em Claremont.
Aí pelos seus 15 anos ele já tinha passado por seis diferentes colégios onde era um aluno desinteressado, acabando por abandonar a educação formal. Ele repetiu isso com seus próprios filhos:os retirou da escola aos 15 anos e recusou-se à pagar suas faculdades.
A maior motivação musical dele deu-se através do LP The Complete Works of Edgard Varèse, Volume 1, especificamente a peça Ionisation que fôra composta para percussão, e justamente porque leu uma crítica que a classificava como esquisita. Assim, sua carreira começou na bateria ainda no último ano de escola, tocando na orquestra e também na sua primeira banda, The Ramblers(Os Tortuosos).
Em 1957 Zappa se deu sua primeira guitarra e a maior influência no instrumento foi Johnny "Guitar" Watson ,um bluesman texano que tocou muito com Albert Collins e Johnny Copeland e também teve grande importância no soul e funk.Além dele,Howlin' wolf e Clarence Gatemouth Brown.
Em 59 ele saiu de casa e foi morar num pequeno apartamento em Los Angeles e durante uma breve passagem pela faculdade, conheceu Kay Sherman. Juntos mudaram-se para Ontário na Califórnia e se casaram em 60(durou até 64). Nesse período Zappa trabalhou com publicidade, uma experiência que usaria junto com seus estudos sobre dadaísmo, surrealismo e situacionismo internacional para, ao longo da carreira, desconstruir a música, o negócio musical, a mídia e a sociedade. Aí foi bom dar uma pesquisada prá saber que o dadaísmo foi um movimento anti-belicista nascido na Suíça que envolvia principalmente as artes visuais e o situacionismo partia do princípio de que o indivíduo é influenciado pelo meio, portanto seus atos seraiam na verdade atos do sistema, coisa meio assim.
Entre as primeiras gravações do Zappa estão 2 trilhas sonoras para filmes de baixo orçamento, The World's Greatest Sinner (1962) e Run Home Slow (1965).
Em 63 ele comprou um estúdio de gravação em Rancho Cucamonga na Califórnia onde tinha um equipo de 5 canais, um luxo prá época já que a maioria dos pequenos e independentes só tinham mono ou 2 canais.
Frank o batizou de Estúdio Z, mudou-se para ele e lá trabalhava por 12 horas seguidas diariamente. Um belo dia aceitou a encomenda de fazer uma fita sugestiva para uma festa: ele e uma amiga fingiram uma gravação erótica. O que ele não sabia é que o cliente era um policial disfarçado e ele acabou prêso por alguns dias por difundir pornografia. Mais uma prá psiquè.
Em 1964 Zappa juntou-se à banda de rhythm & blues The Soul Giants como guitarrista. Logo ele assumiu a liderança e mudou o nome para The Mothers. Gradualmente eles foram ganhando fama na cena underground de Los Angeles até conhecerem o produtor Tom Wilson, um dos pouquíssimos negros a trabalhar num grande sêlo e famoso por seu trabalho com Bob Dylan e Simon & Garfunkel. Através dele a banda assinou com o sêlo Verve que tinha construído uma forte reputação desde os anos 40 gravando jazz moderno mas estava procurando diversificar com pop e rock, usando um viés artístico ou experimental. Eles insistiram para que Zappa mudasse o nome da banda de novo para The Mothers Of Invention pois acreditavam que "Mothers" poderia ser ser interpretado como abreviatura para "motherfucker", no sentido pejorativo, pois também era gíria para "músico virtuoso".
Assim, em 66 eles debutam com Freak Out!, um dos primeiros álbums com um único fio condutor temático e apenas o segundo álbum duplo do rock até então.
FZ -guitarra,harmõnica,voz...
Roy Estrada -baixo,vocal
Ray Collins -guitarra,vocal,efeitos...
Elliot Ingber -guitarra
Plas Johnson -sax
Carol Keye -baixo
Jimmy Carl Black -bateria
Gene Estes -percussão
Ruth Komanoff -percussão
John Rotella -percussão
1 Hungry Freaks, Daddy
2 I Ain't Got No Heart
3 Who Are the Brain Police?
4 Go Cry on Somebody Else's Shoulder
5 Motherly Love
6 How Could I Be Such a Fool?
7 Wowie Zowie
8 You Didn't Try to Call Me
9 Any Way the Wind Blows
10 I'm Not Satisfied
11 You're Probably Wondering Why I'm Here
12 Trouble Every Day
13 Help, I'm a Rock
14 It Can't Happen Here
15 The Return of the Son of Monster Magnet
A primeira parte do álbum tem uma sequência acessível questionando a própria música pop e satirizando o rock romântico e comercial dos adolescentes. Na segunda metade o tom é mais experimental, no terreno da música concreta com mudança nos tempos, dissonâncias e efeitos de estúdio.
Durante a turnê de divulgação de Freak Out! Zappa conheceu Gail Sloatman, com quem se casou em 67 e teve 4 filhos.
Mais adiante ele seria seduzido pelo conforto e pela leveza da Gibson SG. Ele teve várias, mas preferia uma preta, aquela que aparece na capa do disco Roxy & Elsewhere, e que foi praticamente destruída. Dela, o Zappa mandou fazer à mão uma cópia fiel.
Durante muito tempo, ele tocou sómente em guitarras da Gibson e os caras nem vieram conversar sobre um modelo com sua assinatura. Talvez fosse porque ele fazia algumas modificações nelas: aumentava os trastes, instalava captadores Seymour Duncan ou Di Marzio ou punha um trêmolo Floyd Rose. Isso dependia de onde a guitarra serviria. Se fosse em estúdio, ele estudava o timbre. Se fosse ao vivo, ele considerava o tipo de lugar, se tinha muito concreto, que tipo de feedback traria e tal.
Além das Gibsons ele também usou algumas Fender: uma Telecaster no início dos anos 70 e algumas Stratocasters. Uma curiosidade é o fato de ter ganho aquela Fender Stratocaster que o Hendrix incendiou no Festival de Monterrey, reformando-a todinha mas mantendo o visual bem passado. Ele instalou nela um braço encomendado com as medidas do da SG e a usava apenas em estúdio. Ela pode ser ouvida nos solos de Drowning Witch e Zoot Allures.
E a partir dos anos 80 sua guitarra mais frequente foi essa Gibson Les Paul Custom com capatadores Di Marzio ==>
