sábado, 27 de novembro de 2010

Roy Buchanan - Live Stock (1975)


Numa entrevista, Jeff Beck o chamou de "o maior guitarrista desconhecido do mundo". Foi um pouco de exagero porque ele não é tão desconhecido assim, mas serviu pra demonstrar toda a sua admiração. É bem verdade que Roy Buchanan era avesso à fama, tanto que recusou o convite de Keith Richards para ser membro dos Stones. Mas aqueles que gostam de guitarra certamente o conhecem.
Roy foi um mestre da técnica, um inovador que sempre esteve a procura de uma nova sonoridade, chegando a cortar os falantes com gilete ou encher as válvulas do amp com água, prá ver no que dava.
Todos os grandes guitarristas o têm como referência. Eric Clapton, por exemplo, teimava em imitar seus bends - esticar as cordas para alcançar uma nota acima - e frequentemente estourava uma corda tentando. O Roy fazia esses bends até atrás do nut:

Uns dizem que o apelido Slow Hand de Clapton vem desse fato: ele estourava a corda e enquanto a trocava, a platéia mantinha o rítimo batendo palmas devagar ( Slow Hand Clap).
Ele usou uma boa variedade de guitarras entre hollow-bodies e maciças, em algumas capas de disco está com uma Gibson Les Paul mas a mais associada à ele é a Fender Telecaster '53, plugada em amps Fender Vibrolux Reverb.
Roy Buchanan também foi uma refência no que diz respeito à integridade profissional, sempre brigou para ter liberdade de criação, poucas vêzes com sucesso. Isso o deprimia muito e ele tinha uns probleminhas com bebida.
Seu primeiro contrato foi com a Polydor e a relação foi muito tempestuosa. Roy a abandonou e fundou seu próprio sêlo, chamado BIOYA (Blow It Out Your Ass) que queria dizer mais ou menos o mesmo que "foda-se Polydor". É claro que não deu certo.
Em 76 ele assinou com a Atlantic, que também não foi o que ele esperava, muito embora tenha recebido um disco de ouro por Loading Zone. De saco cheio, ele abandonou tudo em 81 e só voltou 4 anos depois, a convite da Alligator Records. Essa gravadora era reconhecida pela liberdade que dava aos músicos e as coisas pareciam que iam bem, afinal. Os mais chegados diziam que ele estava animado e diminuindo bastante aquele probleminha com a bebida, mas em agosto de 88 ele embriagou-se depois de uma discussão familiar, foi preso e encontrado morto na cela. A versão oficial diz que ele se enforcou com a própria camisa, mas amigos que viram o corpo afirmam que havia hematomas na cabeça.





Roy Buchanan -guitarra e vocal
Billy Price Keystone Rhythm Band -vocais
Byrd Foster -bateria
John Harrison -baixo e vocal
Malcolm Lukens -teclados
Bill Price -vocal

1 Reelin' and Rockin'
2 Hot Cha
3 Further on up the Road
4 Roy's Bluz
5 Can I Change My Mind
6 I'm a Ram
7 I'm Evil

Brand X - Unorthodox Behaviour (1976)


Ela não foi uma banda do Phil Collins. Na verdade, tudo começou pelas mãos do produtor e engenheiro Dennis MacKay. Ele já tinha trabalhado para Al Di Meola, Mahavishnu, Curved Air e Gong quando decidiu juntar alguns músicos realmente muito bons numa jam-band. Eles não decidiam qual nome dar-se, então um funcionário do estúdio escreveu 'Brand X' no cronograma, só para se situar. Ficou.
Acontece que o baterista desistiu no meio da coisa e John Goodsall lembrou que, quando ajudou nas demos para o primeiro disco solo do Peter Gabriel, tocou com o Phil Collins e o cara teria dito que eles bem que podiam fazer algo juntos. Percy Jones lembrou da mesma coisa, só que o encontro tinha sido no álbum Another Green World do Brian Eno. Convite feito, convite aceito.
John Goodsall tinha sido guitarrista da Atomic Rooster e tocou com Bill Bruford. Percy Jones é um super baixista, especialista no fretless, que tinha tocado no Voyage of the Acolyte do Steve Hackett - pode-se dizer que ele assumiu a liderança da Brand X. Robin Lumley vinha da Curved Air e da fantástica Isotope. Jack Lancaster foi da Blodwyn Pig e tocou com um monte de gente boa. Phil Collins...Phil Collins...De onde veio esse cara?



Percy Jones -baixo
John Goodsall -guitarra
Phil Collins -bateria,perc
Jack Lancaster -sopros
Robin Lumley -teclados

1 Nuclear Burn
2 Euthanasia Waltz
3 Born Ugly
4 Smacks of Euphoric Hysteria
5 Unorthodox Behaviour
6 Running of Three
7 Touch Wood



Jean-Luc Ponty - Upon the Wings of Music (1975)


Jean-Luc Ponty nasceu em 29 de setembro de 1942 em Avranches, cidade da baixa Normandia, na França.
Seu pai era o diretor da escola de música nessa cidade e professor de violino que começou a ensiná-lo aos 5 anos de idade, ao mesmo tempo em que sua mãe lhe ensinava piano. Ele deixou a escola normal aos 13 para poder praticar por 6 horas diárias no intuito de tornar-se um concertista. Aos 15 foi aceito no Conservatório de Paris e aos 17 ganhou o primeiro prêmio como instrumentista. Tocou com a Concerts Lamoureux Orchestra por 3 anos e nesse tempo, graças à influência de Stéphane Grappelli (grande violinista de jazz)e Stuff Smith (outro pré-bop), ele começou a se interessar por jazz, só que tocando clarineta e sax tenor, voltando para o violino apenas em 62. De 62 a 64, Ponty serviu o exército e depois disso dedicou-se inteiramente ao jazz mainstream, liderando trios e quartetos e gravando com Grappelli, Smith e Svend Asmussen (outro violinista de jazz). Em 67 ele foi para os EUA participar de um workshop do Festival de Monterrey onde se enturmou com toda diversidade musical americana e acabou gravando com com Frank Zappa e o tecladista George Duke. No seu retorno à França fundou a 'Jean-Luc Ponty Experience' que durou de 70 à 72 quando, então, voltou para os EUA e reintegrou a Mothers Of Invention de Zappa. Em 74 e 75 ele integrou a Mahavishnu Orchestra ao lado de John McLaughlin, Billy Cobham, Jan Hammer... e daí em diante partiu para sua carreira solo, gravando pelo sêlo Atlantic e sempre se associando à excelentes músicos.
Nas suas primeiras apresentações ao violino ele simplesmente amplificou o seu próprio apenas para ser ouvido, depois é que ele passou a usar o violino elétrico propriamente dito, um Barcus-Berry, desenvolvido à partir de 63 por Les Barcus e pelo violinista John Berry, que utilizava um cristal piezo para captação. Ponty foi pioneiro na experimentação com o instrumento usando recursos de guitarra e teclados como Echoplex, Wah-Wah, caixa de distorção e também ao usar o violino de 5 cordas.
Depois do seu álbum de 81, Mystical Adventures, Ponty percebeu que seu trabalho ficara preso à uma fórmula e decidiu debruçar-se sobre os sintetizadores, sequenciadores e todo tipo de eletrônica. Assim, lançou Individual Choice em 83 e continuou nessa linha até o Tchokola de 91, quando jogou a tralha fora e se juntou à músicos africanos explorando novos rítimos, pendendo um pouco para a world music, que não era exatamente uma inovação mas, em se tratando de Ponty...




Durante a criação desse álbum JLP ainda estava com a segunda formação da Mahavishnu mas botou nele sua própria visão do fusion com uma super banda que tinha a excelente tecladista, vocalista, compositora e produtora Patrice
Rushen - que tem váios top ten em R&B e temas para filmes como Homens De Preto - , o baixista Ralphe Armstrong, seu parceiro em vários álbuns e o batera Ndugu que tocou com amadores como Miles Davis, Thelonious Monk, Herbie Hanckock, Santana, George Duke e Weather Report.

Dan Sawyer -Guitarra
Ray Parker -Guitarra
Ralphe Armstrong -Baixo ac.,baixo elétrico
Leon "Ndugu" Chancler -Bateria,Percussão,Tom-Tom
Patrice Rushen -Órgão,Piano elétrico,Clavinet,Piano,Sints
Jean-Luc Ponty -Sints,Violino elétrico,Sint de cordas,Violectra,Violino,
Produtor,Arranjador

1 Upon the Wings of Music
2 Question with No Answer
3 Now I Know
4 Polyfolk Dance
5 Waving Memories
6 Echoes of the Future
7 Bowing Bowing
8 Fight for Life