terça-feira, 2 de julho de 2013






Pieter Zalis na Veja

Depois de ter de recuar da tentativa desesperada de convocar uma assembleia constituinte, o governo decidiu propor a realização de um plebiscito para fazer uma reforma política. A diferença entre as propostas é que a primeira afrontava a democracia de forma explícita e a segunda é um golpe disfarçado. Ambas, porém, têm os mesmos propósitos: desviar o foco das manifestações e servir ao projeto de poder do PT. Pelos planos do governo, a consulta popular ocorreria em agosto e teria o resultado homologado no início de outubro. Assim, as regras já valeriam para as eleições de 2014. Se emplacar sua manobra, o PT terá os seguintes motivos para comemorar:

• Será o partido cujo caixa receberá mais dinheiro público. Embutido na proposta de reforma política do governo está o obsessivo desejo do PT de impor o financiamento - exclusivamente - público de campanha. Pelo modelo, pessoas e empresas continuarão a poder fazer doações, mas para um fundo, sem escolher destinatários. O dinheiro será dividido conforme a votação do partido na eleição anterior. Se o sistema for adotado em 2014, com o quadro eleitoral mais provável, Dilma terá quase 70% do bolo: 67,59%.

• A candidatura de Marina Silva estará praticamente enterrada: pelas mesmas regras, a ex-senadora, que teve 20 milhões de votos em 2010, mas que agora tenta criar um novo partido, ficaria com ínfimo 0,16% do dinheiro público. Com a campanha inviabilizada, deixaria de ameaçar a liderança de Dilma. Aécio Neves (PSDB) teria direito a 21,77% do dinheiro e Eduardo Campos (PSB), a 6,56%.

• A institucionalização do voto de cabresto. O PT defende o voto em lista fechada para o Legislativo. Por esse método, o eleitor não vota em candidatos, mas na sigla. Traduzindo: os caciques petistas indicam os candidatos a deputado e depois chamam o povo para pagar a campanha. É muita cara de pau.

• À custa dos cofres públicos, Luiz Inácio Lula da Silva aparecerá na TV como garoto-propaganda do PT. O partido planeja aproveitar o tempo dos programas de televisão destinados à discussão das questões do plebiscito para fazer propaganda do governo e atacar adversários, com o ex-presidente no comando do show.

Desde maio, o presidente do PT, Rui Falcão, tenta coletar assinaturas para apresentar esse mesmo projeto de reforma política no Congresso. O argumento que colore os cartazes é que a reforma reduziria "a força do poder econômico" nas eleições, já que acabaria com as doações de bancos e empreiteiras - apontados como os vilões da corrupção. Ocorre que, como sabe muito bem o PT, Lula é hoje o maior amigo das empreiteiras, em cujos jatos viaja e para cujos interesses faz um descarado lobby. "O maior problema de corrupção eleitoral do Brasil vem de recursos que entram pelo caixa dois", lembra o professor de direito eleitoral Carlos Gonçalves Júnior, da PUC de São Paulo. Nenhum país adota o sistema defendido pelo PT. A Dinamarca, a nação menos corrupta do mundo, não restringe o financiamento, mas fiscaliza o uso do dinheiro e pune quem o desvia - estas, sim, medidas efetivas de combate à roubalheira. Para levar ao Congresso a proposta apresentada por Falcão, o PT precisa de 1,4 milhão de assinaturas. Só conseguiu 120 000. A ideia do plebiscito não passa, portanto, de uma tentativa de driblar a falta de apoio popular à iniciativa.

Não fosse o oportunismo escancarado da proposta, a própria iniciativa do plebiscito já é uma farsa. "Nesse tipo de processo, há um risco muito grande de o povo ser usado para legitimar as posições do plantonista no poder. Ditadores sempre se valem de plebiscitos", alerta Carlos Velloso, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal. O fato de a reforma política ser um assunto complexo, com o qual a população não tem familiaridade, aumenta ainda mais o risco de a consulta popular ser manipulada a ponto de ganhar o lado que tiver contratado o marqueteiro mais competente. Por mais necessária que seja, e com isso concordam todos os partidos e todos os governos, a reforma foi um tema rarefeito nas manifestações. Os brasileiros não clamam pela reforma política, mas pela reforma ética dos políticos.

Amon Düül II - Tanz der Lemminge (1971)







O terceiro disco da Amon Düül II pode bem ser o seu melhor — junto com mais uns quatro, hehe. É um trabalho mais calmo, que tem alguns momentos de space-rock e foca em composições mais amplas. De fato, apesar de haver a divisão de faixas, elas parecem não existir e os temas se repetem em vários momentos. A guitarra onipresente no álbum Yeti aparece esporadicamente e há uma dose bem maior de acústicos. Se não for seu melhor disco como um todo, no mínimo é o melhor em termos de improviso, mesclando influências que vão desde Stockhausen até Lou Reed. E apesar de um pouco datado, é uma viagem e tanto.


Chris Karrer -guitarra,violão,violino,vocal
Karl-Heinz Hausmann -eletrônicos
Peter Leopold -bateria,percussão,piano 
Lothar Meid -baixo elétrico e acústico,vocal 
Falk U. Rogner -órgão e eletrônicos 
John Weinzierl -violão,guitarra,piano,vocal 
com
Al Gromer -sitara 
Jimy Jackson -órgão,piano,côro 
Henriette Kroetenschwanz -vocal
Rolf Zacher -vocal


01. Syntelman's March of the Roaring Seventies 
a) In The Glassgarden
b) Pull Down Your Mask
c) Prayer To The Silence 
d) Telephonecomplex 

02. Restless Skylight-Transistor-Child  
a) Landing In A Ditch 
b) Dehynotized Toothpaste
c) A Short Stop St The Transylvanian Brain Surgery 
d) Race From Here To Your Ears 
- Little Tornadoes 
- Overheated Tiara 
- The Flyweighted Five 
e) Riding On A Cloud 
f) Paralized Paradise 
g) HG Well's Take Off

Chamsin Soundtrack
03. The Marilyn Monroe-Memorial-Church
04. Chewing Gum Telegram
05. Stumbling over Melted Moonlight 
06. Toxicological Whispering