terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Sly & The Family Stone - There's A Riot Going On (1971)





Para dar seu recado, Sly Stone pegou um trecho da música Riot in Cell Block nº 9 de The Robbins que dizia justamente isso: There’s a Riot Goin’ On. Também inspirado pelo célebre disco What's Going On de Marvin Gaye que saiu um pouco antes, Sly enfiou-se num estúdio. Sozinho na maior parte do tempo; mal acompanhado por uma série de substâncias ilícitas em boa parte dele, e acompanhado por alguns iluminados em algumas partes. A motivação foi a desilusão com a maioria das conquistas em direitos civis obtidas na década anterior, o pesadelo do Vietnam, os violentos conflitos surgidos após o assassinato de Martin Luther King e a falta de esperança. Aí deu num dos melhores discos de funk de todos os tempos.



Sly Stone - guitarra, baixo, teclados, bateria, vocal
Freddie Stone - guitarra
Rose Stone - teclados, vocal
Little Sister (Vet Stewart, Mary McCreary e Elva Mouton) - backing vocal
Bobby Womack - guitarra
Ike Turner - guitarra
Billy Preston - teclados
Jerry Martini - sax tenôr
Cynthia Robinson - trompete
Larry Graham - baixo, vocal
Greg Errico - bateria
Gerry Gibson - bateria


1  Luv n' Haight
2  Just Like a Baby
3  Poet
4  Family Affair
5  Africa Talks to You "The Asphalt Jungle"
6  There's a Riot Goin' On
7  Brave and Strong
8  (You Caught Me) Smilin'
9  Time
10 Spaced Cowboy
11 Runnin' Away
12 Thank You for Talkin' to Me Africa
13 Runnin' Away (Single Version)
14 My Gorilla Is My Brother
15 Do You Know What?
16 That's Pretty Clean




segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Gil Scott-Heron - Pieces Of A Man (1971)








Scott-Heron foi um poeta, músico e escritor nascido em Chicago, mas que logo após publicar seu primeiro livro mudou-se para Nova York, onde faleceu em 2011. Seu trabalho está fortemente associado aos temas sociais e ao ativismo pela igualdade racial. Musicalmente, ele fundiu o jazz, o blues e o soul e muitos dos seus trabalhos concentram-se na palavra. Não é o caso de Pieces of a Man, que reúne uma banda estelar, e cujas composições são muito bem estruturadas — além das letras, claro.
Pelos outros trabalhos em que apenas declamava seus poemas acompanhado por uma percussão, por exemplo, Scott-Heron é considerado um avô do rap.




Gil Scott-Heron -guitarra, piano, vocal
Hubert Laws -flauta, sax
Burt Jones -guitarra
Brian Jackson -piano
Ron Carter -baixo
Pretty Purdie -bateria
Johnny Pate -regente




1  The Revolution Will Not Be Televised
2  Save the Children
3  Lady Day and John Coltrane
4  Home Is Where the Hatred Is
5  When You Are Who You Are
6  I Think I'll Call It Morning
7  Pieces of a Man
8  A Sign of the Ages
9  Or Down You Fall
10 The Needle's Eye
11 The Prisoner

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Syl Johnson - Is It Because I'm Black? (1970)






É de entristecer ver manifestações racistas surgindo por aí, principalmente na América Latina, onde somos todos mestiços. Pior que isso é ver tais manifestações associadas ao esporte. Quando as pessoas recorrem a tamanha baixeza é porque a coisa tá feia. São tempos de desencanto e falta de esperança que fazem involuir.
Sylvester Johnson enfrentou isso lá naqueles dias. Ele foi um cantor, gaitista e guitarrista que tocou com Magic Sam, Billy Boy Arnold, Junior Wells e nada menos que Howlin' Wolf. Portanto, o soul que ele fez estava bem baseado em blues. Seu debut foi pela Federal Records com Freddie King a acompanhá-lo, mas era ainda apenas um soul gostoso de se ouvir. "Is It Because I'm Black?" é o segundo disco, foi gravado pela Twinight Records e nele a coisa é bem diferente. As músicas declaram uma forte consciência social e levantam a bandeira do orgulho negro, tratando, a reboque, de uma série de problemas sociais.
Eu não encontrei os créditos desse disco, mas muitas das faixas incluídas aqui como bônus são singles que saíram pela próxima gravadora com a qual ele assinou, a Hi Records, e nelas está a sessão rítmica de estúdio. Presumo que com a Twinight seja igual.
Syl é irmão do guitarrista Jimmy Johnson.


1  Right On Sister
2  Is It Because I'm Black?
3  Come Together
4  Concrete Reservation
5  Walk A Mile In My Shoes
6  One Way Ticket
7  Kiss By Kiss
8  Black Balloons
9  Get Ready
10 Talk 'bout Freedom
11 New Day
12 Thank U Baby
13 Your Love Is Good For Me
14 We Do It Together
15 That Is Why
16 Wiggles
17 Together Forever
18 Is It Because I'm Black?, 2006
19 Ms. Fine Brown Frame
20 Tell the Truth




terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Booker T. & The MG's - Hip Hug-Her (1967)





No início dos anos 60 essa era a banda dos estúdios Stax em Memphis e, assim sendo, gravaram com uma pá de gente famosa. Um dia, enquanto esperavam um desses caras para gravar, eles fizeram umas jams que chamaram a atenção dos produtores. Daí eles se tornaram uma das melhores bandas de soul e entraram para o Rock and Roll Hall of Fame. Voltando no tempo, a paixão de Booker pela música começou antes da adolescência, quando ele subia numa pilha jornais embaixo da janela da casa do pianista de jazz Phineas Newborn para ouví-lo tocar. Mais adiante, ele parava em frente à um clube na Beale Street para ouvir Blind Oscar ao órgão, uma vêz que ainda não tinha idade para entrar. Quase todos os dias ele passava por uma loja de discos chamada Satellite que permitia ouvir-se discos sem obrigar-se a comprá-los. E a Satellite acabou virando a Stax Records. Eventualmente Booker deixou os MG's para estudar música na universidade. Grandes músicos, todos, individualmente, acompanharam a nata do negócio. Hip Hug-Her concorre para ser o melhor disco deles, mesmo com essa capa que não tem nada a ver — foi só uma carona na lambreta do movimento mod.


Booker T. Jones -órgão,piano elétrico, baixo, guitarra
Steve Cropper -guitarra, piano, percussão
Donald "Duck" Dunn -baixo
Al Jackson, Jr. -bateria


1 Hip Hug-Her
2 Soul Sanction
3 Get Ready
4 More
5 Double or Nothing
6 Carnaby St.
7 Slim Jenkins' Place
8 Pigmy
9 Groovin'
10 Booker's Notion
11 Sunny

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Bob Dylan - Slow Train Coming (1979)






No final dos anos setenta Dylan sentiu-se compelido a uma renovação e mergulhou de cabeça na sua formação cristã. Slow Train Coming foi o primeiro trabalho sob tal orientação. A crítica não recebeu bem e o público também não. Pura tolice inercial. Dylan tornara-se a voz de uma geração falando das mesmas coisas que ele fala aqui: o bem contra o mal, a ganância dos senhores de toda espécie, etc... As reflexões sobre a sociedade são as mesmas daquelas canções de protesto, só que agora Dylan as faz com a visão de um evangélico — não um evangelizador, diga-se —, mesmo considerando um deus vingativo que vai te pegar lá fora uma hora ou outra. Outra coisa: ele fez um dos seus trabalhos mais caprichados. Os arranjos, os versos, os músicos ... tudo foi muito bem cuidado, deixando este disco um dos seus melhores, e o melhor em quase uma década. Dylan sem controvérsia seria só mais um Zimmerman. Ou Zimmy.


Bob Dylan -guitarra, violão , vocal
Mark Knopfler -guitarra
Barry Beckett -teclados, percussão
Tim Drummond -baixo
Pick Withers -bateria
Muscle Shoals Horns: Charles Rose, Harrison Calloway, Harvey Thompson, Ronald Eades, Walter King -metais
Mickey Buckins -percussão
Carolyn Dennis, Helena Springs, Regina Havis -vocal


1  Gotta Serve Somebody
2  Precious Angel
3  I Believe In You
4  Slow Train
5  Gonna Change My Way Of Thinking
6  Do Right To Me Baby (Do Unto Others)
7  When You Gonna Wake Up
8   Man Gave Names To All The Animals
9  When He Returns


You may be an ambassador to England or France
You may like to gamble, you might like to dance
You may be the heavyweight champion of the world
You may be a socialite with a long string of pearls

But you’re gonna have to serve somebody, yes indeed
You’re gonna have to serve somebody
Well, it may be the devil or it may be the Lord
But you’re gonna have to serve somebody

You might be a rock ’n’ roll addict prancing on the stage
You might have drugs at your command, women in a cage
You may be a businessman or some high-degree thief
They may call you Doctor or they may call you Chief

But you’re gonna have to serve somebody, yes indeed
You’re gonna have to serve somebody
Well, it may be the devil or it may be the Lord
But you’re gonna have to serve somebody

You may be a state trooper, you might be a young Turk
You may be the head of some big TV network
You may be rich or poor, you may be blind or lame
You may be living in another country under another name

But you’re gonna have to serve somebody, yes indeed
You’re gonna have to serve somebody
Well, it may be the devil or it may be the Lord
But you’re gonna have to serve somebody

You may be a construction worker working on a home
You may be living in a mansion or you might live in a dome
You might own guns and you might even own tanks
You might be somebody’s landlord, you might even own banks

But you’re gonna have to serve somebody, yes indeed
You’re gonna have to serve somebody
Well, it may be the devil or it may be the Lord
But you’re gonna have to serve somebody

You may be a preacher with your spiritual pride
You may be a city councilman taking bribes on the side
You may be workin’ in a barbershop, you may know how to cut hair
You may be somebody’s mistress, may be somebody’s heir

But you’re gonna have to serve somebody, yes indeed
You’re gonna have to serve somebody
Well, it may be the devil or it may be the Lord
But you’re gonna have to serve somebody

Might like to wear cotton, might like to wear silk
Might like to drink whiskey, might like to drink milk
You might like to eat caviar, you might like to eat bread
You may be sleeping on the floor, sleeping in a king-sized bed

But you’re gonna have to serve somebody, yes indeed
You’re gonna have to serve somebody
Well, it may be the devil or it may be the Lord
But you’re gonna have to serve somebody

You may call me Terry, you may call me Timmy
You may call me Bobby, you may call me Zimmy
You may call me R.J., you may call me Ray
You may call me anything but no matter what you say

You’re gonna have to serve somebody, yes indeed
You’re gonna have to serve somebody
Well, it may be the devil or it may be the Lord
But you’re gonna have to serve somebody

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Toninho Horta - Moonstone (1989)






Pode ser que Toninho ainda precise ser apresentado à alguns brasileiros, especialmente os mais novos, o que é uma pena. Bem, o cara foi colocado entre os dez melhores guitarristas do mundo por duas vêzes nos anos setenta, lembrando que nos anos setenta tinha todos aqueles guitarristas dos anos setenta! Além disso, ele deu aulas para Pat Metheny e seu talento já foi usado por figuras como Keith Jarrett, Herbie Hancock e Wayne Shorter, entre muitos outros. Já tá bom assim? Beleza. Há muito morando nos Estados Unidos, Horta vem mantendo acesa aquela luz da boa música brasileira, inspirada em Tom Jobim, principalmente. Suas composições são sofisticadas tal e qual, e ele também se dispõe a cantar de vêz em quando, mesmo tendo uma voz bem fraquinha, igual a do Tom. Quem liga?


Toninho Horta -violão, guitarra, vocal
Pat Metheny -guitarra
Eliane Elias -piano
Onaje Allan Gumbs (Nat Adderley Septet) -teclados
Russell Ferrante (Yellowjackets) -teclados
Willa Bassen -teclados
Randy Brecker -flugelhorn
Billy Drewes -sax alto e soprano
Rudi Berger -violino
Luizão Maia (Elis Regina) -baixo
Mark Egan (Metheny) -baixo
Steve Rodby (Metheny) -baixo
Danny Gottlieb (Metheny) -bateria
Paulo Braga -bateria
Armando Marçal -percussão
Naná Vasconcelos -percussão
Robertinho Silva -percussão
Steve Thornton -percussão
Grupo Boca Livre -vocal


1  Bicycle Ride
2  Eternal Youth
3  Gershwin
4  Monnstone
5  Liana
6  Yarabela
7  Francisca
8  Sun Song
9  I'll Never Forget
10  Spirit Land