Doctor Feelgood - Down by the Jetty (1974)

Dr. Feelgood foi a nobresa do pub-rock britânico. Duros,barulhentos e instigantes, eles apareceram no circuito de clubes de rock em Londres como um furacão de Rhythm & Blues vindo dos depósitos de lixo industrial de Canvey Island. Num tempo em que o rock progressivo estava ficando mais e mais espetacular e tropeçando em seus próprios delírios, os Feelgoods despiram a música até o osso, tocando blues crú e musculoso, R&B incendiário e rock & roll puro levado pela guitarra de Wilko Johnson e pelos vocais de Lee Brilleaux.Uma total "volta às origens" que pavimentaria o caminho para o surgimento do movimento punk.


Enquanto a maioria dos seus contemporâneos eram amáveis e acessíveis, eles eram agressivos, tocando à pleno volume. Eram cheios de atitude também: Enquanto a maioria era relaxada e subia ao palco como se tivesse acordado naquela hora e não visse uma gilete ou pente há dias, eles vestiam ternos alinhados como se viessem de um funeral da máfia.


Eles também não faziam concessões comerciais e desafiaram a indústria com sua proposta do "básico do básico": Seu primeiro disco, Down By The Jetty, foi propositalmente gravado em mono e posto numa capa fuleira com foto em preto e branco.
Les Brilleaux (vocal e harmônica), Wilco Johnson (guitarra) e John B. Sparks (baixo) tinham tocado juntos em várias bandas de blues pelos bares nos arredores de Canvey Island e em 1971 formaram o Dr. Feelgood. Esse nome foi tirado de uma música de Johnny Kidd & The Pirates e é uma giria inglêsa para heroína ou para o médico que a prescreve. Eles convidaram John "The Big Figure" Martin para a bateria e saíram tocando pelo circuito de pubs da Inglaterra. Do seu início até a morte do vocalista Brilleaux em 94, a banda nunca deixou a estrada, fazendo centenas de apresentações ao ano.


Sparks,Martin,Brilleaux e Wilco

Eles criaram uma legião tão grande de fãs à ponto de se darem ao luxo de terem várias gravadoras interessadas.Acabaram por assinar com a United Artists e debutaram com Down By The Jetty em 74.Sua postura purista acabou funcionando como marketing e o álbum, além do merecido sucesso, acabou virando um "cult".
No ano seguinte lançaram Malpractice, também nos EUA, que ficou entre os vinte mais vendidos e em 76 saiu Stupidity, gravado ao vivo, que ocupou o primeiro lugar nas paradas européias mas não alcançou o público americano.
Em 77 eles voltaram à lançar um disco simultaneamente nos dois mercados.Foi o Sneakin' Suspicion que acabou decepcionando um pouco na Europa e totalmente nos EUA.Eles nunca mais lançariam um disco para os norte-americanos.
Sneakin' Suspicion decepcionou porque foi mal produzido e também porque a banda já começava a ser sombreada pelo movimento punk.Os punks, na sua maioria, não passavam de uma Madona de coturno.Faziam de tudo para chamar a atenção e conseguiram.Atrapalharam bastante o blues inglês, o prog e até mesmo o rock puro dos Feelgoods.


No final de 77 Wilco Johnson deixou a banda para formar a Solid Senders e foi substituído temporariamente por Henry McCullough antes que John "Gypie" Mayo assumisse a guitarra. Mayo gravou três discos como um Feelgood e deixou a banda em 1980 (hoje ele está na nova encarnação dos Yardbirds).Foi substituído por Johnny Guitar na gravação do disco A Case Of The Shakes.
A exaustiva e insana maratona de shows acabou levando o baixista Sparks e o baterista Martin à deixarem a banda em 82. Foram substituídos por Buzz Barwell e Pat McMullen...e pé na estrada de novo. Durante os anos 80 Lee Brilleaux liderou várias formações de Feelgoods, a mais estável tinha Phil Mitchell no baixo e Kevin Morris na bateria. Ocasionalmente até faziam um disco mas o foco era a estrada mesmo.
Infelizmente o Brilleaux foi acometido por um câncer no início dos anos 90 e veio a falecer em abril de 94, apenas três mêses depois de gravar o último disco: Down at the Doctor's.


Os membros remanescentes contrataram o vocalista Pete Gage e continuaram se apresentando sob o nome Dr. Feelgood, enquanto os ex-membros Gypie Mayo, John Sparks e John Martin acabaram formando a banda Practice e ocasionalmente se apresentam como Dr. Feelgood's Practice.



Lee Brilleaux -guitarra,harmônica,vocal
Wilko Johnson -guitarra,piano,vocal
"The Big Figure" Martin -bateria,vocal
John B. Sparks -baixo
Bob Andrews -órgão,teclados,saxes
Brinsley Schwarz -saxes

01. She Does It Right
02. Boom Boom
03. The More I Give
04. Roxette
05. One Weekend
06. That Ain't No Way to Behave
07. I Don't Mind
08. Twenty Yards Behind
09. Keep It Out of Sight
10. All Through the City
11. Cheque Book
12. Oyeh!
13. Bonie Moronie/Tequilla [live]