quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Richard Wright - Wet Dream (1978)







Depois do álbum Animals, a Pink Floyd deu um tempo. Durante a última turnê o descontentamento de todos era evidente e as tensões se avolumaram. Roger Waters estava alienado, quando não estava enfurecido a ponto de cuspir num fã que pedia uma música. David Gilmour, por sua vez, ressentia-se de estar sendo 
alijado das composições e reclamava que os concertos estavam se tornando um lixo. Essa é uma parte da história. A outra é que a banda estava falida. Depois de anos de maus investimentos, gerenciamento desonesto e gastos em excesso, a Pink Floyd corria o risco de perder o que restava para pagar impostos. A solução encontrada foi parar e sair da Inglaterra por um ano, ou um exercício fiscal.

Encorajados pelas esposas, Gilmour e Richard Wright decidiram lançar discos solo. Mas esses discos foram gravados na França, no Super Bear Studios, pelas mesmas razões fiscais. O primeiro a gravar foi Gilmour e assim que ele saiu do estúdio entrou o Wright.

Para Wet Dream, ele convidou Snowy White e Mel Collins, músicos de apoio nas turnês da PF. As músicas são leves, tratando sobretudo da melancolia. O próprio Wright foi bastante crítico desse álbum, classificando-o como amador e cujas letras eram fracas. Também não é assim. Wet Dream tem um clima sentimental muito legal e os instrumentistas são impecáveis. É um álbum criminosamente subestimado, até pelo autor.

Wright sempre foi uma força criativa na Pink Floyd — suas progressões harmônicas são a assinatura musical da banda. No entanto, na medida em que Roger Waters ia tomando conta da banda, o papel dos demais foi sendo cerceado. Waters chegou ao cúmulo de demitir Wright, assim como fizera com Syd Barrett. Foram situações diferentes, claro. Quando o megaprojeto The Wall foi imposto por Waters, os produtores ponderaram que o público não reagiria bem à ausência de Wright. Então ele foi contratado como "session man". Dá pra acreditar que um fundador da PF tenha ficado nessa posição?

Richard Wright faleceu em 2008.

Roger Waters acabou aprisionado pelo The Wall. É só o que ele tem feito. Nesse momento ele está tocando em São Paulo, no estádio do Palestra Itália, e tomou uma sonora vaia ao meter o nariz em assuntos que não lhe dizem respeito. O cara que nunca resolveu seus próprios problemas quer resolver os problemas do mundo. Mundo este, que ele vê pela janela da limousine.





Richard Wright - piano, piano elétrico, Hammond, sintetizador Oberheim, vocal
Snowy White - guitarra, violão
Mel Collins (King Crimson) - sax, flauta
Larry Steele (Peter Green, Cat Stevens) - baixo
Reg Isadore (Robin Trower) - bateria





1 Mediterannean C
2 Against The Odds 
3 Cat Cruise 
4 Summer Elegy
5 Waves
6 Holiday
7 Mad Yannis Dance 
8 Drop In From The Top 
9 Pink's Song 
10 Funky Deux