Nesses 50 anos de existência do Rock Progressivo as discussões sobre o que é Prog e o que não é são tantas que sites como Progarchives muitas vezes tem que justificar o porquê de um disco estar lá. Tem gente que elabora tutoriais e há outros que fazem umas tabelinhas como se fossem um exame de urina. Diz-se que tem que ter virtuosismo instrumental, logo, as músicas devem ser longas para que haja espaço. Álbuns conceituais são um consenso, ou quase, ou nem sempre. Progressões harmônicas, mudanças no tempo, letras com métrica poética, base erudita, complexidade...
A definição mais legal que eu li foi dada pelo David Gilmour: É o equilíbrio entre sons e silêncio numa música. Bacana, né? Pois é. Só que tem "pesquisador" que diz que Pink Floyd não é uma banda de Rock Progressivo.
Seja como for, Thick As A Brick parece encaixar-se em todos os quesitos acima.
Aqualung, o álbum anterior da Jethro Tull, foi um tremendo sucesso e a crítica foi logo rotulando-o como um álbum conceitual. Sugeriram que Aqualung era Ian Anderson. Ian protestou, disse que não era nada disso e que entenderam tudo errado. Então ele debruçou-se sobre um verdadeiro trabalho conceitual que acabaria por ser a mãe de todos os álbuns conceituais.
Ele criou um personagem fictício chamado Gerald Bostock. Gerald seria um garoto prodígio que escreveu um poema épico e esse poema é que foi musicado neste álbum. Portanto, Gerald aparece nos créditos musicais e, portanto, Gerald seria Ian. O jornal que ilustra o disco também é fictício e essa capa é uma das melhores já feitas.
É apenas uma música que então tomava os dois lados do LP e em algumas edições em CD essa distinção é mantida. Contudo, a continuidade é considerável e a consistência é a mesma do início ao fim. O talento de Ian Anderson para criar ótimas melodias já era reconhecido e foi um trabalho ainda mais inspirado fazer isso para uma composição tão longa. Toda a banda participou dos arranjos, incluindo o novo baterista Barriemore Barlow. Barlow era conterrâneo de Anderson e havia sido seu colega na banda The Blades, a primeira da qual participou. Apesar da mudança, a banda está sólida como um tijolo. John Evan brilha no órgão, que nem é um instrumento dominante na história da JT, mas nenhum outro diz "Prog" tão alto como ele. Só que o senhor Ian Anderson sempre diz que a Jethro Tull não é uma banda de Rock Progressivo.
Thick As A Brick chegou ao primeiro lugar nas paradas. Imagine uma música com mais de 40 minutos entre as mais tocadas, mesmo naquela época.
Ian Anderson - vocal, flauta, violão, violino, sax, trompete
Martin Barre - guitarra, alaúde
John Evan - órgão, piano, cravo
Jeffrey Hammond-Hammond - baixo, voz
Barriemore Barlow - bateria, tímpanos, percussão
1 Thick As A Brick
2 Thick As A Brick