quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Lockwood, Top, Vander, Widemann ‎- Fusion (1981)







Por três vezes Didier Lockwood participou da banda zeuhl Magma: em 75-76, 79-81 e em 1991. Então nesse álbum estão quatro membros da Magma, incluindo seu líder supremo. As semelhanças entre as bandas são inquestionáveis mas as diferenças se impõe. A Magma tem no vocal um fundamento e o jazz é um elemento. Aqui o jazz é o fio condutor e a música é totalmente instrumental.





Didier Lockwood - violino
Benoît Widemann - piano Fender Rhodes, Minimoog, Prophet 5, Kobol
Jannick Top - baixo
Christian Vander - bateria





1 GHK Go to Miles
2 Overdrive
3 767 ZX
4 Reliefs


segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Didier Lockwood - Storyboard (1996)







Didier Lockwood faleceu no último dia 18/02, de um ataque cardíaco. Ele tinha 62 anos. 
Lockwood foi um dos músicos que tiraram o violino do universo da música clássica e o colocaram no frescor da música moderna com a fusão de gêneros. Ele foi aluno de Stephane Grappelli e admirador de Jean-Luc Ponty, e o seu reconhecimento veio com a participação na banda Magma em 1975. Daí seguiu numa enorme lista de colaborações que vão do jazz ao prog, bem como sua carreira solo.
Storyboard é um dos seus álbuns mais elogiados. Ele tem aquele clima descontraído de quando músicos talentosos e cheios de afinidades se encontram para tocar o que gostam. 





Didier Lockwood - violino, sax alto
Joey DeFrancesco - órgão Hammond B3, trompete
James Genus - baixo
Steve Gadd - bateria
Steve Wilson - sax alto e soprano
Denis Benarrosch - percussão





1 Thought of a First Spring Day 
2 Back to the Big Apple 
3 En Quittant Kidonk 
4 Mathilde 
5 Tableau d'Une Exposition 
6 "Series B" 
7 Storyboard 
8 Irremediablement 
9 Spirits of the Forest 


sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Irish Coffee - When The Owl Cries (2015)







A Irish Coffee retornou em 2004 com William Souffreau e dois novos membros. Ela lançou um novo disco, também chamado Irish Coffee, por um selo próprio. Esse disco teve uma tiragem pequena e esgotou apenas com as vendas nos shows da banda. Ela também lançou um disco gravado ao vivo no programa de TV Rockpalast.
Em 2015 eles incluíram um tecladista e lançaram When The Owl Cries. O álbum é cheio de blues-rocks rústicos e a vitalidade da banda parece inalterada, mesmo após 45 anos. Não há como não sentir a falta do guitarrista Jean Van Der Schueren, mas Souffreau se sai bem.





William Souffreau - guitarra, vocal
Stany Van Veer - órgão
Franky Cooreman - baixo
Kris Van Der Cammen - bateria
com
Jan Oelbrandt - lap steel
Luc Crabbe - backing vocal, produtor





1    Rock On
2    Decent Life
3   Gotta Keep On Running
4   Gotta Move [Ray Davies]
5   When The Owl Cries
6   Here We Come
7   Guitars And Beer
8   Sick And Tired
9   Playhouse
10 I'm Alive
11 I Hate War
12 Ain't No Time For Dying






quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Irish Coffee - Irish Coffee (1971)









A Irish Coffee foi uma banda belga, formada na cidade de Aalst a oeste de Bruxelas. Nesse ponto o nome dela era The Voodoos mas quando arrumaram um empresário ele descobriu que já havia uma banda com esse nome e ele mesmo mudou para Irish Coffee sem sequer consultar a banda. Por outro lado, ele montou um estande da banda na feira Midem em Cannes e lá deixou um gravador tocando algumas demos. Isso bastou para que representantes do selo Triangle os contratassem, solicitando um LP. E esse LP é lendário, um marco no hard-rock. É comum que álbuns tenham apenas três ou quatro músicas boas, mas este é bom da primeira à última. O que chama a atenção em primeiro lugar é a voz de William Souffreau, muito parecida com a de Bernd Noske da Birth Control e com a do vocalista da banda Scorpions. Depois percebe-se a excelência do guitarrista Van Der Schueren que é tão veloz com a palheta que parece estar dedilhando.
Entre 1971 e 1974 a banda lançou este disco e quatro singles. O problema era que ela não era conhecida fora da Bélgica e seus membros completavam o orçamento acompanhando outros músicos. Numa dessas ocasiões a van que os transportava sofreu um acidente e o tecladista Paul Lambert morreu. A banda não conseguiu superar a perda e desistiu. Souffreau saiu em carreira solo,  Van der Schueren tornou-se professor de música e os demais deixaram a música.





William Souffreau - vocal, guitarra
Jean van der Schueren - guitarra
Willy De Bisschop - baixo
Paul Lambert - teclados
Hugo Verhoye - bateria





1   Can't Take It
2   The Beginning Of The End
3   When Winter Comes
4   The Show (Part 1)
5   The Show (Part 2)
6   Hear Me
7   A Day Like Today
8   I'm Lost
9   Masterpiece
10 Carry On
11 Child
12 Down Down Down
13 I'm Alive
14 Witchy Lady
15 I'm Hers

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Gamalon - Aerial View (1990)








A Gamalon foi fundada pelos irmãos Reinhardt e o som dela sempre foi o jazz-rock com influências progressivas. Esse viés prog veio lá dos anos 70 quando uma banda anterior deles, chamada Rodan, abriu shows para a Genesis e para a Gentle Giant. Esse aspecto foi mais forte no primeiro álbum, uma obra-prima. Em Aerial View a coisa é um pouco diferente e o álbum parece-se mais com aqueles "guitar-oriented", o que não é ruim. É mais fusion e Ernie Watts retribui uma colaboração que a Gamalon deu num álbum seu do ano anterior, chamado Project: Earth Activation.





Bruce Brucato - guitarra, teclados (5)
George Puleo - guitarra
Geoffrey Fitzhugh Perry - violino
Tom Reinhardt - baixo
Ted Reinhardt - bateria, percussão
com:
Ernie Watts - sax (10)
Tom Schuman (Spyro Gyra) - Mini Moog (3)





1   Beat The Heat
2   Lena
3   The Lost Ghost
4   The Rift
5   1969
6   Bleecker St.
7   Large March
8   U.F.O.
9   Aerial View
10 Relapse

sábado, 17 de fevereiro de 2018

Blue Cheer - Vincebus Eruptum (1968)








Vincebus Eruptum é o disco de estréia da Blue Cheer e representou uma mudança nas normas de conduta com uma guitarra. O infrator foi Leigh Stephens, um britânico perdido em Boston que usava seu tempo livre desenvolvendo novas técnicas para tocar guitarra e controlar o volume da sua pilha de Marshalls. De fato, durante as sessões de gravação vários microfones e uma mesa de som pifaram porque os ponteiros do VU ficaram muito tempo no vermelho. Dizem que Stephens queria emular o som de uma motocicleta dos Hell Angels. O agente deles era um ex-Hell Angel, então, pode até ser verdade.
O hit do disco — e o único grande sucesso da banda — foi sua versão de Summertime Blues. Essa música já tinha feito bastante sucesso com a The Who nos festivais de Monterrey e Woodstock mas a da Blue Cheer é de longe a mais agressiva. Dessa forma a Blue Cheer ajudou a definir a noção de "power trio" suprindo a falta de membros com muita agressividade e potência sonora. É um blues-rock fermentado no ambiente psicodélico, e a abordagem agressiva dada a ele acabou sendo seminal para o que hoje é conhecido como heavy metal.
Mesmo sendo reconhecida por sua ampla influência, a Blue Cheer nunca teve um bom sucesso comercial.





Dickie Peterson - baixo, vocal
Leigh Stephens - guitarra
Paul Whaley - bateria





1 Summertime Blues [Eddie Cochran]
2 Rock Me Baby [B.B. King]
3 Doctor Please
4 Out of Focus
5 Parchment Farm [Mose Allison]
6 Second Time Around

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Blue Cheer - What Doesn`t Kill You... (2007)








A Blue Cheer foi formada em 1966 em São Francisco e, segundo dizem, seu nome vem de uma potente marca de LSD — na Inglaterra blue cheer também pode ser um pum. Nesse ponto o som dela era bem convencional, um rock psicodélico típico da California. Porém tudo mudou depois que os caras viram Jimi Hendrix no Festival de Monterrey. Aí a coisa virou blues-rock tocado muito, muito alto, a ponto de estourar os monitores do estúdio. 

Na  sua história de 41 anos ela passou por diversas mudanças na formação. Em 1971 iniciou-se uma pausa de 13 anos, e depois uma 6 e outra de 16 anos.
What Doesn`t Kill You... é o último álbum, o reencontro de dois membros fundadores mais o guitarrista Macdonald que entrara na banda em 1989. É blues-rock com um acento de stoner rock. E é alto, muito alto. Eu gosto muito da versão pesadona que ele fizeram de Born Under A Bad Sign. Albert King me disse que também curtiu.
Dickie Peterson faleceu em 2009.





Andrew "Duck" Macdonald - guitarra, vocal
Dickie Peterson - baixo, vocal
Paul Whaley - bateria (3, 6, 7, 8, 9), backing vocal
com:
Joe Hasselvander - bateria (1, 2, 4, 5, 10), 
Maria Merriman; Michelle Metz - backing vocal (5)





1   Rollin' Dem Bones
2   Piece O' The Pie
3   Born Under A Bad Sign [Booker T. Jones]
4   Gypsy Rider
5   Young Lions In Paradise
6   I Don't Know About You
7   I'm Gonna Get To You
8   Maladjusted Child
9   Just A Little Bit (Redux)
10 No Relief

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Buddy Miles Express - Hell and Back (1994)








Buddy Miles é mais lembrado como o parceiro de Jimi Hendrix no seu último trabalho, a Band of Gypsys, mas suas parcerias com gente boa começaram bem antes, como com o Mike Bloomfield na Electric Flag. A Buddy Miles Express veio logo em seguida e foi o que atraiu a atenção de Hendrix. Hendrix estava cada vez mais funky e daí a querer montar o primeiro super-trio negro foi um pulo. Pena que só tocaram no Fillmore Festival. 
Hell and Back veio com uma remontagem da Express logo depois de Miles passar um período tocando com Santana. Como nos outros álbuns, há uma mistura de blues, soul, rock e funk. E nessa linha tem uma versão inusitada de Born Under a Bad Sign e outra de All Along the Watchtower. 





Buddy Miles - bateria, percussão, baixo, guitarra, vocal
Nicky Skopelitis (Ginger Baker) - guitarra
Jeff Levine -- órgão, piano, Clavinet 
Kevon Smith - guitarra
Joe Thomas - baixo
Crispin Cioe - sax alto e barítono
Laurence Etkin - trompete
Bob Funk - trombone  
Arno Hecht - sax tenor





Born Under a Bad Sign  [Booker t. Jones]
2  The Change 
3  All Along the Watchtower  [Bob Dylan]  
4  Let It Be Me 
5  Come Back Home  
6  Be Kind to Your Girlfriend  
7  The Decision  
8  Nothing Left to Lose  

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Fear Itself - Fear Itself (1969)








Este é o único disco da banda Fear Itself que era liderada por Ellen McIlwaine. O som é psicodélico mas firmemente fundado no blues. É ótimo e pode ter deixado o pessoal da Jefferson Airplane com inveja. A banda parou por aqui porque a Ellen quis ter uma carreira solo. Ela não se saiu mal mas nunca foi como na Fear Itself que, aliás, tem um nome bem legal. A versão de Born Under A Bad Sign é das melhores e a de Letter também.





Ellen McIlwaine - gaita, órgão, guitarra rítmica, violão, vocal
Chris Zaloom - guitarra
Paul Album - baixo
Bill McCord - bateria





1  Crawling King Snake (J.L. Hooker)
2  Underground River
3  Bow'd Up
4  For Suki
5  In My Time Of Dying
6  Letter
7  Lazarus
8  Mossy Dream
9  Billy Gene
10 Born Under A Bad Sign (Booker T. Jones)

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

The Apple Pie Motherhood Band - The Apple Pie Motherhood Band (1968)








No final dos anos 60 houve um movimento em Boston chamado Bosstown Sound que pretendia reunir as muitas bandas que estavam surgindo por lá e dar-lhes visibilidade. Digamos que movimento não é bem a palavra e melhor seria dizer "ação de marketing". A iniciativa fazia frente a coisas semelhantes que aconteciam na Califórnia, com a diferença de que em Boston não havia um som característico como na costa oeste. Cada banda tinha um jeito, então, o "movimento" não prosperou pela falta de identidade — ou pelas muitas.

A Apple Pie Motherhood Band é um bom exemplo dessa cena. Ela usava órgão e a guitarra com fuzz típicos das bandas psicodélicas mas não se aventuravam em faixas mais longas, a não ser em algumas jams. O disco abre com uma excelente versão de Born Under A Bad Sign, clássico imortalizado por Albert King que tem centenas de versões, e essa é uma das melhores que ouvi. Os caras eram realmente bons, tanto que atraíram a atenção do Felix Pappalardi, que lhes produziu o primeiro single coma música Apple Pie. Pappalardi foi o baixista da Mountain e tornou-se um respeitável produtor antes de ser assassinado pela esposa.





Jeff Labes - órgão, piano, vocal
Ted Demos - guitarra, vocal
Joe Castagno - guitarra rítmica, vocal
Richard Barnaby - baixo, vocal
Jackie Bruno - bateria, vocal





1 Born Under A Bad Sign [Booket T. Jones; William Bell]
2 I'd Like To Know 
3 Ice 
4 Yesterday's New Song 
5 Barnaby's Madness 
6 The Ultimate / Contact
7 The Way It Feels 
8 Bread And Jam 
9 Apple Pie 
10 Variations On A Fingernail 

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

Agnes Strange - Strange Flavour (1975)








Agnes Strange surgiu na Inglatrerra no início dos anos 70 tocando boogie-blues-rock em pubs e bares. No início seu som era parecido com o da Chicken Shack e Savoy Brown, mas ao longo do tempo ele ganhou considerável peso.
A banda conseguiu um contrato com o selo Bird's Nest que pertencia o dono de uma rede de bares, o qual pretendeu oferecer uma chance às bandas que tocavam nesses seus bares — e lucrar com isso. 

Strange Flavour é o único disco que lançaram e segue a melhor tradição dos "power trios" com um excelente trabalho de guitarra. Infelizmente, o dono da gravadora perdeu o interesse pelo negócio e a Agnes Strange ficou sem distribuição nem gerenciamento. Em 1977 eles gravaram um single para o selo Baal contendo Can Not Make My Mind e Johnny B. Goode mas não tiveram muita sorte. Eles ficaram no limbo entre o declínio geral do rock e o surgimento do punk e a banda acabou. Uma pena, pois os caras eram muito bons.





John Westwood - guitarra, vocal (3, 11, 12)
Alan Green - baixo, vocal (7, 8, 9)
Dave Rodwell - bateria, vocal (2)
com
Terry Nicholson - vocal (1, 14)
Colin Thurston - harmonia vocal (1, 8, 14)





1   Give Yourself A Chance (Single Mix) 
2   Clever Fool 
3   Motorway Rebel 
4   Travelling 
5   Strange Flavour 
6   Alberta 
7   Loved One 
8   Failure 
9   Children Of The Absurd 
10 Odd Man Out 
11 Highway Blues 
12 Granny Don't Like Rock'N'Roll
13 Interference
14 Give Yourself A Chance (LP Mix) 

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Iron Butterfly - Heavy (1968)








Parece-me que a primeira vêz que o termo "heavy metal" apareceu foi na música Born To Be Wild da Steppenwolf. Contudo, o que se lê por aí é o termo foi cunhado para descrever o som da Iron Butterfly, ou, ao menos, não 
intencionalmente acabou usado assim. De fato a Iron Butterfly foi uma precursora do gênero e nunca recebeu o respeito que merecia. 
A banda foi formada em San Diego por Doug Ingle, que aprendera a tocar com seu pai, organista de uma igreja local. Ela logo mudou-se para Los Angeles, tocou por todo o circuito de clubes e conseguiu gravar esse álbum pela gravadora Atlantic. Em seguida partiu numa longa turnê com a The Doors, e depois com a Jefferson Airplane. Nesse tempo algumas tensões surgiram e três dos membros saíram — apenas Ingle e Bushy permaneceram. 
Não se pode dizer que esse seja um álbum de heavy metal. Longe disso, é rock psicodélico e é, sim, mais pesado que o normal para o gênero. Mas a Iron estava só começando sua história.





Doug Ingle - órgão, vocal
Darryl DeLoach - vocal, percussão
Danny Weis - guitarra
Jerry Penrod - baixo
Ron Bushy - bateria





1  Possession
2  Unconscious Power
3  Get Out Of My Life, Woman [Allen Toussaint]
4  Gentle As It May Seem
5  You Can't Win
6  So-Lo
7  Look For The Sun
8  Fields Of Sun
9  Stamped Ideas
10 Iron Butterfly Theme

domingo, 4 de fevereiro de 2018

Black Sabbath - Black Sabbath (1970)








É curioso como os títulos das músicas da Black Sabbath se assemelham a alguns títulos em inglês de obras famosas de filósofos existencialistas como Camus, Sartre ou Nietzsche. E como esses livros, as músicas são soturnas, macabras e blasfemas. Essa não é uma analogia pretensiosa porque realmente há uma relação entre essa literatura e a banda, uma vêz que seu letrista Geezer Buttler era um leitor apaixonado. De fato, o nome da faixa título deste álbum e da própria banda veio de uma observação de Butler: Ele viu que no cinema do outro lado da rua estava passando um filme com Boris Karloff chamado "Black Sabbath". Em seguida ele se perguntou porque as pessoas faziam fila para assistir um filme que as assustaria, e a sua conclusão foi a orientação que a banda iria seguir. Butler também era fã de Jack Bruce e da forma como ele projetava o som do baixo como se fosse uma guitarra. Também era fã de Frank Zappa. Já Bill Ward era um jazzista, fã desde pequeno de Dave Brubeck e Count Basie, ou melhor, dos bateristas deles. Mais tarde, Gene Krupa virou seu maior ídolo. 
Tony Iommy foi um autodidata que aprendeu o básico com o livro "Play In A Day". Daí foi pulando de banda em banda na medida em que apareciam. Ele quase abandonou a música pois perdera as pontas de dois dedos da mão direita num acidente, mas um amigo lhe deu um disco de Django Reinhardt que teve um acidente semelhante e aprendeu a fazer seus solos com apenas dois dedos, deixando os lesionados para os acordes. E ele teve que fazer adaptações: usou cordas de banjo, que eram mais leves; criou uma nova afinação; etc... Tudo gambiarra para ele, mas anos depois isso seria estudado em escolas de música. Além de Reinhardt, Iommy virou fã de Chet Atkins e da Bluesbreakers de John Mayall. 
Quanto ao vocalista, ele não era um vocalista. Ozzy Osborne era um encrenqueiro que largou a escola para ganhar uma grana rápida, ou seja, roubar postos de gasolina e lojas. Foi preso e condenado a noventa dias de cadeia. Quando saiu foi trabalhar num matadouro, onde exercitava seus instintos demoníacos. Andava pelas ruas com um macacão ensanguentado e afugentava qualquer um. Era o típico desajustado, tido como maluco. Disse a Bill Ward que sabia cantar para ganhar uma grana rápida.
Essa é a radiografia de muitas bandas de sucesso, mas a Black Sabbath é a banda mais xingada de todos os tempos. Ninguém gostava dela. Ninguém menos o público formado por gente como eles. E todos alí eram ninguém. Eram pobres de uma região carvoeira cujas ruas ainda tinham crateras dos bombardeios da segunda guerra. A Black Sabbath deu voz a essa gente e transportou sua falta de esperança e sentido na vida para o mundo das sombras. Ao mesmo tempo em que flertava com o ocultismo, abraçava o divino. Advertia sobre a desgraça da heroina e enaltecia a erva em Sweet Leaf e o pó em Snowblind. Essa ambiguidade cativa. Suas letras abordavam o desespero existencial, a instabilidade social, a guerra, a corrupção e, claro, a natureza do mal — estaria ele nas letras ou nos ouvidos? Essas letras tinham maior profundidade que as das outras bandas mas ainda assim ela era insultada pela crítica. Seus riffs são simples, geniais e inesquecíveis, e mesmo assim a banda recebeu desdém. Essas pessoas provavelmente não ouviram Black Sabbath, não realmente. Porque uma vêz que seja ouvida com atenção, a Black Sabbath vai te assombrar para sempre. 
Em 1970 a Black Sabbath mudou o rock e até hoje há quem não reconheça. Seu primeiro single tinha a música Evil Woman que era da banda norte-americana Crow. Quando esse primeiro LP foi lançado nos Estados Unidos essa faixa foi substituída por Wicked World, lado B daquele single — Evil Woman só foi lançada oficialmente por lá em 2002.
Assinar contrato com selo Vertigo, reservado pela Philips para bandas prog, foi uma distinção para uma banda iniciante mas, por outro lado, ela teve direito a apenas oito horas de estúdio. Então, tudo foi gravado ao vivo, com Ozzy isolado numa cabine, e quase sem repetições. Nessas condições "ninguém" começaria tão bem.





Anthony "Tony" Frank Iommi - guitarra
John Michael "Ossie" Osborne - vocal, harmônica
Terence Michael Joseph "Geezer" Butler - baixo
William "Bill" Ward - bateria





1 Black Sabbath
2 The Wizard
3 Behind The Wall Of Sleep
4 N.I.B.
5 Evil Woman (Don't Play Your Games With Me) [Crow]
6 Sleeping Village
7 Warning [Aynsley Thomas Dunbar]
8 Wicked World