Rahssan Roland Kirk ficou cego aos dois anos de idade e, portanto, talvez não soubesse o impacto visual que ele causava nas plateias. Usava um chapéu enorme, óculos escuros e três saxofones, uma flauta, um clarinete, um apito e uma sirene pendurados no pescoço, que ele tocava aos pares, ou até três ao mesmo tempo, por 10, 20 minutos, graças a sua respiração circular. Ou talvez soubesse, e gostasse. De qualquer forma, isso o diferenciou de todos. Mas havia um porém: o perigo de as pessoas curtirem mais o espetáculo do que a música.
Ele pode ter tido isso em mente quando decidiu gravar I Talk With The Spirits. Aqui ele usa apenas flautas. Nem mesmo um sax tenor, seu instrumento mais presente. E se havia alguma preocupação com o alcance das suas músicas, bem, ele influenciou gerações.
Um fato interessante sobre este disco é que o jovem Ian Anderson andava meio deprimido porque percebera que nunca seria um guitarrista tão bom como Clapton ou Peter Green. A Jethro Tull estava no início e um dia Anderson pegou sua flauta durante um show local. Então seu colega de escola Jeffery Hammond — futuro baixista da Tull — deu-lhe I Talk With The Spirits dizendo: Esse você precisa ouvir. Nele, Kirk coloca sua voz através da flauta, bem do jeito que Anderson faz. Além disso afirmou que o instrumento pode ser o destaque, mesmo numa banda de rock. A faixa Serenade To A Cuckoo faz parte do álbum de estréia da Jethro Tull, This Was.
Roland Kirk - flauta, flauta amplificada, flauta africana, voz
Horace Parlan - piano, celeste
Michael Fleming - baixo
Walter Perkins - bateria, percussão
Crystal-Joy Albert - vocal (1, 7)
Vibraphone – Bobby Moses - vibrafone (5)
1 Serenade To A Cuckoo
2 Medley
a. We'll Be Together Again
b. People (From "Funny Girl")
3 A Quote From Clifford Brown
4 Trees
5 Fugue'n And Alludin'
6 The Business Ain't Nothin' But The Blues
7 I Talk With The Spirits
8 Ruined Castles
9 Django
10 My Ship (From "Lady In The Dark")