sábado, 27 de outubro de 2018

Hermeto Pascoal - Slaves Mass (1977)







  O brasileiro trabalha 153 dias por ano só para pagar impostos. Numa figura de linguagem, há quem diga que somos escravos. E compreende-se, pois não recebemos sequer uma pequena fração disso em benefícios que são obrigação do Estado. Esse Estado é imenso, ineficiente ou totalmente incapaz — um elefante de chumbo. Também é fisiológico e corrupto até o meio do osso.
  Eu, pessoalmente, acho que a corrupção começou quando o primeiro colonizador ofereceu um presentinho a um índio. O que eu depreendi dos acontecimentos dos últimos anos é que, embora não tenha "inventado" a corrupção, o PT a transformou numa rotina de Estado. Aquilo que era uma vantagem pessoal, obtida para enriquecimento próprio ou campanha de um agente público, foi institucionalizada para perpetuar um partido no poder — o maior escândalo de corrupção do planeta. Não considero exagero dizer que tudo por aqui foi superfaturado sistematicamente para acomodar o lucro do corruptor e a propina do corrupto. O PT não agiu sozinho mas liderou o saque. Ele quase dobrou o número de ministérios, chegando ao absurdo de 39, apenas para lotear cargos em troca de apoio e, então, dividir o butim.
  Graças a Deus tudo foi descoberto antes que todos os segmentos do Estado estivessem totalmente aparelhados. As instituições foram fortes o suficiente para investigar, processar, condenar e prender os líderes de todos os partidos envolvidos. Todos os dias alguém é preso e, oxalá, assim continue.
  Só conseguiremos vermifugar totalmente o Estado se ele for menor, sem cargos por indicação política, com competência, meritocracia. O governo tem que ser regulador e ter cada vez menor ingerência nas nossas vidas. O bem-estar social advém da qualidade dos serviços essenciais e da liberdade com confiança.
  Se trabalhamos a maior parte dos dias úteis para o Estado, isso significa nossa submissão. Significa que nossas vidas importam menos que o Estado. Um partido que trama para se eternizar no poder é antidemocrático e de um autoritarismo disfarçado, portanto hipócrita. Essas são duas características importantes do fascismo, percebam. Mas um partido que rouba nossos dias de trabalho é um facínora. E na mesma medida em que o PT não inventou a corrupção, ele também não inventou os benefícios sociais que alardeia ter "dado". Com a moeda finalmente estabilizada o país andou, nós fizemos andar, e essa gente montou em cima.
  Por essas e outras, eu não consigo entender como cerca de 40% dos eleitores pretendam votar em bandidos. Sinceramente não entendo. 
  Amanhã é domingo e é dia de eleição. Reflita e, por favor, faça com que mais pessoas reflitam bem. Domingo também é dia de missa, missa dos escravos.

Sobre o disco... Dizem que se só tivesse lançado esse disco na vida, já seria o bastante para Hermeto entrar para história do Jazz. Boa missa a todos.





Hermeto Pascoal - piano, Fender Rhodes, gravador, Clavinet, sax soprano, flautas, violão, vocal (4)
Ron Carter - baixo acústico (2-8)
Alphonso Johnson (Weather Report, Jazz Is Dead) - baixo elétrico (1,9,10)
Airto Moreira - bateria (2-8), percussção (2), vocal (4)
Chester Thompson (Zappa, Genesis) - bateria (1,9,10)
Raul de Souza - trombone, vocal (4)
David Amaro (Airto, Flora, George Duke) - guitarra, violão 6 e 12
Flora Purim - vocal (2,4)
Hugo Fattoruso (OPA) - vocal (4) 
Laudir de Oliveira - vocal (4)





1 Tacho (Mixing Pot)
2 Missa dos Escravos (Slaves Mass)
3 Chorinho pra Ele (Little Cry for Him)
4 Cannon (Dedicated to Cannonball Adderley)
5 Escuta Meu Piano (Just Listen) 
6 Aquela Valsa (That Waltz)
7 Geleia de Cereja (Cherry Jam)
8 Campo Aberto (Open Field) 
9 Pica-Pau (take 1)
10 Star Trap (part 2)